As pessoas aliadas, a empatia e a simpatia

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Romão | Julho 01, 2022

empatia

Escrito por: Romão

Na psicologia contemporânea, a empatia é definida como uma inteligência emocional que pode ser dividida em dois tipos: o cognitivo, por meio da capacidade de observação, e o afetivo, na experimentação das emoções do outro. No contexto dos debates sobre inclusão e diversidade, este termo tem se tornado cada vez mais pres

ente, principalmente quando falamos de como pessoas não pertencentes aos grupos minoritários podem contribuir na luta contra a LGBT-fobia. 

As chamadas aliadas, são pessoas que de alguma forma 

se utilizam de seus espaços de privilégio para levantar diálogos e problemáticas acerca do tema. Mas como alguém que não sofre violências e opressões, enquanto uma pessoa LGBTQIA+, pode falar sobre o assunto? Se colocar no lugar do outro, é suficiente? Ou, além disso, se projetar em um lugar de opressão faz de fato a pessoa compreender o lugar do oprimido? 

Para entender o que é a empatia é preciso primeiro entender o que

 é lugar de fala. Ao contrário do que tem sido naturalizado, o lugar de fala deve ser associado ao processo de análise do discurso. Ele diz muito mais respeito a entender o que leva a pessoa a dizer algo – e este o quê inclui todo o processo histórico, estrutural e social – do que simplesmente silenciar a fala de uma pessoa que não pertence ao grupo da qual ela dirige seu discurso.

Isso torna-se importante pois, ao entender esse processo, entende-se também que não é possível que uma pessoa aliada fale “pelo movimento”, mas sim, “do movimento, pela sua ótica de vivência”. E dito isso, retoma-se a provocação: ser empático é se colocar no lugar do outro? 

Fato é que, ao se projetar na situação do outro, o que o indivíduo faz é tomar decisões com base na sua própria vivência, e, a partir desse ponto, a conexão com o outro se cria estruturada em identificação. Aqui, o que temos é um processo de simpatia, e não de empatia. 

A simpatia é comum ao ser humano, pois se conectar com alguém através das semelhanças é muito mais simples e quase que instantâneo. Já a empatia destaca a conexão nas diferenças, isto é, entender situações que não são da vivência da pessoa aliada, ou ainda, vivências que atravessam a pessoa aliada de forma diferente de uma pessoa parte de um grupo historicamente oprimido.  

Entender esse processo simpático/empático, embora complexo, não deve ser um desencorajador, mas um mecanismo que as faz enriquecer o entendimento de como pode ser a participação de pessoas aliadas na luta pelos direitos LGBTQIA+. Ser uma pessoa empática, nesse contexto, é ter a compreensão de que sua fala não representa o discurso de outrem, mas sim faz ecoar esse discurso num espaço que geralmente essas outras pessoas não têm acesso. Ser empático é, acima de tudo, entender que a situação não é sobre você, mas sobre o seu papel em ajudar o outro.

 

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Breve descrição do autor:

Engenheiro de Computação pela UFSCar, pós Graduando em Ciência de Dados pelo IFSP-Campinas e também Artista Visual. Atua na Encora Brazil Division desde 2018 e faz parte do CORE – Comitê de Diversidade, Inclusão e Respeito.

 

Referência: http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/8140/1/O%20conceito%20de%20Empatia%20sob%20a%20perspectiva%20.pdf