Blockchain: saiba mais sobre esta tecnologia

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Agatha Carriello | Janeiro 21, 2019

Em janeiro comemoramos a primeira década de funcionamento do Blockchain, uma tecnologia que mudou a forma como transacionamos valor. E ao longo desses anos, seu uso evoluiu. Prova disso é que a utilização de Blockchain para ajudar na segurança de dados, serviços e dispositivos da área de IoT dobrou em 2018, passando de 9% para 19%. Isso foi o que apontou um estudo recente da empresa de segurança digital Gemalto. Foram entrevistados 950 profissionais do mundo todo e, destes, 23% acreditam que a tecnologia seria a solução ideal para garantir a segurança dos dispositivos de IoT. Além disso, 91% das empresas que ainda não utilizam a tecnologia estão considerando utilizá-la no futuro.

Essa mudança representa que companhias de diferentes setores estão percebendo que é fundamental proteger a gigante – e crescente – quantidade de dados que coletam e armazenam. Se segurança é fundamental, o Blockchain surge como uma opção, ainda que sua adoção esteja nos estágios iniciais em negócios.

Mas como surgiu a tecnologia?

O que é Blockchain

A tecnologia de Blockchain surgiu como uma ferramenta que promete segurança na medida em que descentraliza, criptografa e torna imutáveis os dados nela inseridos. Seu nome faz alusão a uma “cadeia de blocos” que fazem parte de um sistema de registro coletivo de transações. Isso significa que os dados que ela reúne não ficam armazenados em um único local, ou seja, as informações estão distribuídas entre todos os computadores que estiverem ligados a ela.

Embora não esteja restrita às moedas virtuais, é impossível falar da sua origem sem abordar a história do Bitcoin. A tecnologia surgiu e foi aprimorada durante a concepção das primeiras criptomoedas: Hashcash (1997), B-Money (1998) e Bitgold (2005). Apesar de propostas pioneiras, nenhuma delas tinha maturidade tecnológica suficiente para ganhar o mercado. Foi apenas em 2008, quando Satoshi Nakamoto lançou o artigo do Bitcoin, que o conceito se tornou conhecido.

 Principais características do Blockchain

  • Criptografia: vários dos mecanismos que a compõem são baseados em criptografia, mesmo quando os dados em questão não estão encriptados, o que ajuda a evitar a ação de hackers;
  • Descentralização: é uma tecnologia descentralizada e que usa protocolos peer-to-peer -Append-only, ou seja, só existe a operação de adicionar novas entradas no final da estrutura de dados, tornando impossível ações de, por exemplo, correções ou corrupções de entradas passadas;
  • Imutabilidade: um usuário com permissão necessária pode verificar as transações realizadas e rastrear quem já fez algum registro relacionado às informações e controla as alterações.

Todas essas características tornam a arquitetura em Blockchain apropriada para a implementação de uma Distributed Ledger. Trata-se de uma base de dados distribuída, replicada e compartilhada, que não possui administração central e pode ser privada e pública - o Bitcoin é um exemplo de uma Distributed Ledger pública implementada com base na arquitetura de Blockchains.

Muito além dos Bitcoins

Após o seu uso inicial para Bitcoin e diversas outras criptomoedas, sua utilização não se restringe a elas. Entre os exemplos que podemos citar estão

- Smart Contracts: contratos escritos por meio de software que são executados de forma automatizada com base em eventos (por exemplo, uma data de expiração ou o pagamento de alguma taxa dentro da blockchain). Após criado, um Smart Contract existe em forma de código dentro de uma Distributed Ledger, de forma que nem mesmo o seu criador ou qualquer outra entidade seja capaz de impedir sua execução. Pode ser utilizado para a criação de contratos de depósitos automatizados.

- Supply Chain e Proof-of-Provenance: por meio de Blockchains é possível implementar sistemas de registro de cadeias logísticas que são digitalmente permanentes, imune a fraudes a posteriori, auditáveis e transparentes para os stakeholders.

- Tokens e Gift Cards: atualmente, tokens e programas de Gift Cards se baseiam na infraestrutura oferecida por redes de cartão de crédito, que é substancialmente mais complexa que o necessário para estas aplicações. Blockchain é uma alternativa mais barata e eficaz para estes casos de uso.

- Autenticação: como Blockchains são bancos de dados incorruptíveis e de append-only, há a garantia de que a data e o autor de todas as transações são informações legítimas. Dessa forma, a tecnologia é extremamente adequada para ser utilizada como forma de autenticação.

A tecnologia é segura?

A resposta é sim. No entanto, quando uma implementação de Blockchain passa para o uso prático, é preciso muita atenção. Isso porque outros fatores passam a interferir no processo, como a segurança das redes e dos equipamentos utilizados para as transações.

Se as chaves e senhas de um usuário forem roubadas, por exemplo, como o sistema é descentralizado e não existe uma entidade reguladora para julgar uma transação como fraudulenta, não há meios de reverter o cenário e o usuário será o único responsável pela segurança dos seus próprios ativos. Estes pontos levantados são especialmente críticos nos casos de Distributed Ledgers públicas, mas existem formas de contornar ou minimizar alguns desses problemas por meio de implementações privadas.

Futuro do Blockchain

Entre as áreas que já estão fazendo uso do Blockchain estão Supply Chain/Proof-of-Provenance, autenticação e alguns serviços financeiros, como KYC (Know Your Customer) e Detecção de Fraudes. Alguns casos de uso são mais promissores e têm se desenvolvido mais rapidamente. Mas existe uma dificuldade em aplicá-la ao dia a dia de empresas - apesar dos dez anos desde a proposta inicial do Bitcoin, a tecnologia de Blockchain tem muito a amadurecer, em especial porque ainda sofre modificações intensas e possui limitações críticas em aberto.

É preciso acompanhar de perto a evolução das suas aplicações, como elas podem impactar nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas, entender como o processo de adaptação afetaria os modelos de negócio e manter-se flexível para uma possível integração dessa tecnologia. Qualquer previsão além disso ainda está associada a largas incertezas.