Paulo Gomes, Especialista em Desenvolvimento (Back End)
O desenvolvimento de qualquer sistema, software ou produto requer interação entre duas equipes: a técnica, que vai fazer a coisa funcionar efetivamente, e a de experiência do usuário. É preciso haver equilíbrio entre elas.
Por mais que User Experience (UX) seja um tema amplamente discutido, estudado e imprescindível para o sucesso de um produto ou sistema junto aos seus consumidores, qualquer desenvolvimento deveria passar, inicialmente, pela experiência do desenvolvedor e do designer. Afinal, eles são os primeiros usuários daquele sistema e são pessoas responsáveis por cuidar da sua evolução e manutenção ao longo do tempo.
O que é Experiência do Desenvolvedor
A experiência do desenvolvedor (Developer Experience) trata de quatro pilares do processo de desenvolvimento de software: clareza, facilidade de uso, estabilidade e funcionalidade. Todos eles não dizem respeito ao produto em si, mas ao processo de criação e manutenção do mesmo.
Assim, tudo que os desenvolvedores e designers escrevem impacta diretamente na experiência que outros técnicos terão ao utilizar aqueles dados. Por este motivo, é de extrema importância desenvolver um código considerando o seu colega desenvolvedor, fazendo uso de uma linguagem intuitiva, clara, inteligível e coesa. É importante acabar com o estigma de que o mais complexo é melhor.
Afinal, todo código de desenvolvimento de produto exigirá manutenção e melhoria ao longo do tempo. Quanto mais simples e documentado estiver, mais vai otimizar o tempo, melhorar a produtividade e facilitar o entendimento de todos os envolvidos.
O ideal é pensar e investir tempo em DX desde o início de um projeto, criando regras para escrever o código para que outras pessoas sejam capazes de interpretá-lo e aprimorá-lo sempre que necessário. Projetos que já estejam em andamento também podem contar com DX a qualquer momento, mas pode ser necessário rever e reescrever alguns códigos já criados.
3 regras
Qualquer desenvolvedor deve considerar três regras básicas para proporcionar uma boa experiência para o outro desenvolvedor:
- Legibilidade: independente do que esteja sendo criado e escrito, deve ser feito de forma clara e simples;
- Regra dos 5 segundos: bastam cinco segundos para o desenvolvedor olhar um pedaço de código e compreender o que ele significa. Se isso não acontecer neste tempo, significa que está complexo e deveria ter sido escrito de uma outra forma;
- Ferramentas corretas: ajudam a produtividade, dão melhor experiência e otimizam o tempo de quem for trabalhar em cima daquele código.
Futuro
No Brasil, a maturidade em DX ainda é pequena. Muitas empresas pequenas lutam para ter seu espaço no mercado e acabam focando mais em atingir o resultado rapidamente, sem dedicar tempo suficiente para a fase de desenvolvimento e planejamento de seus códigos e linguagens de programação.
Inverter essa dinâmica e criar processos de desenvolvimento é um passo inicial que precisa ser visto com outros olhos aqui no país. Agrega valor não apenas ao produto, mas à imagem da empresa. E facilita o acesso e manutenção de qualquer solução que ela tenha desenvolvido.
Muitos países do exterior estão em estágio mais avançado e priorizam a experiência do desenvolvedor. Um exemplo, que posso descrever com a propriedade de quem trabalhou diretamente no projeto, é o McDonald’s. Lá existem processos com regras, códigos legíveis, descritos e documentados, permitindo que as pessoas saiam de férias sem interromper o andamento de qualquer projeto dentro da companhia.
Na Daitan já trabalhamos dessa maneira, com processos que geram organização e legibilidade, de maneira alinhada com o cliente e, quando necessário, envolvendo pessoas de fora para entregar a melhor combinação entre DX e UX.