A campanha “Janeiro Branco” foi inspirada no já bastante conhecido e difundido “Outubro Rosa”. Psicólogos e profissionais de saúde de Minas Gerais perceberam que em janeiro as pessoas, em geral, estão mais introspectivas e criaram a campanha com o objetivo de estimular a reflexão, o debate e os cuidados com a saúde mental, bem como a prevenção de doenças associadas à questões emocionais. O movimento ganhou força nas redes sociais, instituições públicas e privadas no país e até no exterior.
Assim, abordamos neste mês a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, designada como um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional, exaustão extrema, estresse e esgotamento físico provocados por condições de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade, responsabilidade e exigem envolvimento interpessoal direto e intenso.
“Aqui na Daitan existe um grande cuidado com a qualidade de vida do colaborador - estamos atentos à saúde mental de nossos times. O trabalho realizado pela equipe de Well Being é fundamental, pois contamos com o suporte de uma psicóloga que faz a escuta atenta em diferentes momentos do colaborador. Estes momentos nos permitem identificar as ansiedades naturais de um ambiente de trabalho e também aquelas pessoas que já começam demonstrar sinais de que, talvez, seja necessário repensar na rotina ou mesmo buscar um tratamento mais específico com profissionais qualificados para tal”, explica o psicólogo e coordenador de recrutamento e seleção, Angelo D’assumpção.
A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho e exposições a pressões constantes. A síndrome também pode se manifestar quando o profissional planeja ou é submetido a objetivos de trabalho muito difíceis em que, por algum motivo, possa achar não ter capacidades para cumprir, gerando ansiedade e estresse.
Na maioria das vezes, há uma confusão entre Síndrome de Burnout e estresse, visto que o estresse é um dos sintomas da doença. O termo Burnout é utilizando quando o motivo primário do esgotamento está diretamente relacionado às atividades e ao ambiente profissional. O estresse pode estar associado a outros vários contextos.
Os sintomas da Síndrome de Burnout podem ser físicos ou psíquicos, envolvendo:
- Problemas gastrointestinais
- Cansaço excessivo
- Tonturas
- Desânimo
- Apatia
- Falta de interesse
- Tristeza excessiva
- Alteração no sono e apetite
- Irritabilidade
- Agressividade
- Isolamento
- Lapsos de memória
- Alterações repentinas de humor
- Ansiedade
- Baixa autoestima
- Insônia
- Dor de cabeça frequente
- Sentimento de fracasso e insegurança
- Dificuldade de concentração
- Negatividade constante
Por muita das vezes, os indivíduos vítimas da Síndrome de Burnout podem achar que os sintomas são passageiros por surgirem de forma leve, mas a tendência é que piorem com o passar dos dias. Os sintomas podem aparecer quando existe um acúmulo de tarefas, responsabilidades, exigências e pressões sofridas pela alta demanda de trabalho. Dependendo da gravidade e intensidade de cada sintoma, é necessário atenção médica imediata para evitar situações extremas, como o suicídio.
O diagnóstico da síndrome é realizado por profissionais especialistas após uma análise clínica do paciente. Psiquiatras e psicólogos são os mais indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma de tratamento. Conforme o caso, pode haver a necessidade de medicação e psicoterapia. Ainda assim, a melhora efetiva vem apenas com a transformação do estilo de vida: mudanças nas condições de trabalho e hábitos. A realização de atividade física regular e exercícios de relaxamento devem ser rotineiros para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença.
Além disso, o Ministério da Saúde recomenda definir pequenos objetivos na vida profissional e pessoal, participar de atividades de lazer com amigos e familiares, fugir da rotina em passeios ao ar livre, comer em lugares diferentes ou ir ao cinema, evitar o contato com pessoas negativas, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas e não se automedicar.
A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira alerta que é importante combatermos a ideia de que o problema surge em consequência de uma falha pessoal. A síndrome revela apenas uma incompatibilidade entre o relacionamento do indivíduo com seu trabalho, uma falta de conexão que pode ser resolvida tomando pequenas atitudes.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que está apta a oferecer (de forma integral e gratuita) todo o tratamento, incluindo o diagnóstico e os medicamentos necessários. Os Centros de Atenção Psicossocial, um dos serviços que compõem essas RAPS, são os locais mais indicados para buscar essa ajuda.
Segundo Angelo, a síndrome tem tratamento e reforça que é mais comum em pessoas que já têm questões emocionais comprometidas, diferente dos picos de estresse que atingem a maioria da população em diferentes fases da vida. O cuidado e a atenção com a saúde mental são tão importantes quanto quaisquer outros cuidados que mantemos com nossa saúde física, por isso o psicólogo orienta a sempre buscar apoio emocional e ajuda especializada.