Escrito por: Mariana, Carrubla e Amanda - membros do CORE (Comitê do Respeito, Diversidade e Inclusão da Daitan)
Para entender o que é racismo estrutural, precisamos primeiro fazer uma distinção da ideia de racismo, mais comum e disseminada.
Racismo pode ser entendido como uma forma de discriminação a um grupo racial, que ocorre consciente ou inconscientemente, e resulta em desvantagens para esse grupo. As discriminações podem ocorrer por meio de falas, gestos e ações, estando diretamente ligadas às concepções preconceituosas que se têm sobre pessoas de uma determinada raça. É importante ressaltar que raça é um termo construído socialmente, referente às características físicas e hereditárias, como, por exemplo, o formato do olho e do nariz, a cor da pele e o cabelo.
Quando falamos de racismo estrutural, é possível se entender a razão a partir do adjetivo que o acompanha. O que denota o “estrutural”? Esse adjetivo remete à estrutura. E de que estrutura estamos falando? Da sociedade. Todas as estruturas, simbólicas ou não, como as relações sociais, políticas, jurídicas e econômicas. Enfim, tudo que diz respeito à forma como nos relacionamos e nos organizamos coletivamente. Tais estruturas simbólicas foram construídas ao longo de uma história caracterizada pela herança discriminatória da escravidão e pela falta de medidas e ações que promovessem realmente a integração, ou seja, são estruturas permeadas por valores e princípios racistas, de forma que alguns grupos raciais foram colocados em posição de subalternidade. Com isso, nossa sociedade não se construiu garantindo a igualdade (apesar de defendê-la no discurso), mas sim a desigualdade, e, por sua vez, a distinção étnico-racial.
Logo, muitas de nossas ações cotidianas, aparentemente inofensivas, podem contribuir para o fortalecimento do racismo estrutural. Aqui no Brasil, por exemplo, mesmo com o fim da escravidão, em 1888, a população negra não pôde se inserir na sociedade de forma apropriada, pois continuou sem acesso à terra, educação ou ao trabalho. Hoje, tudo isso fica em evidência em casos como a ausência de negros e negras em cargos de lideranças nas empresas, na falta de representatividade política, na falta de representividade em programas de TV e ainda pelo não reconhecimento de caracteristicas fenotípicas negras como algo belo. Mesmo que não queiramos ser racistas, aprendemos a pensar e agir dentro de uma estrutura que o é. Assim, o racismo está dentro de todos nós, gostemos ou não.
Mas então, se o racismo estrutural é inerente às estruturas da sociedade, é possível combatê-lo? Sim! Mesmo que não seja uma tarefa fácil, é preciso que sejam realizadas ações individuais e coletivas para alcançarmos este propósito, é necessário que seja uma escolha e que estejamos dispostos a promover mudanças em nossa estrutura, seja prestando atenção nos termos que utilizamos ao conversar, reconhecendo nossos privilégios e lugar social, ou seja propondo ações afirmativas mais amplas.
Referências
Racismo estrutural, de Silvio Almeida
https://www.colab.re/conteudo/racismo-estrutural