Proud to be (an ally)

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Thayná | Junho 28, 2019

Photo by Jordan McDonald on Unsplash


Por Beatriz Pierini

As questões de diversidade nunca foram tão citadas e tiveram tanta importância dentro das empresas quanto nos dias atuais (pelo menos na teoria). Mas na prática, o que vemos sendo feito de concreto para mudar padrões estruturais e promover inclusão dentro das organizações?

Aproveitando que junho é o mês do Orgulho LGBT (instituído por conta das revoltas de Stonewall, nos EUA) é oportuno pensarmos no assunto sob a ótica da população LGBTQI+ no geral, e entender qual o papel dos chamados aliados na luta pela diversidade.

Eu sou lésbica. Sei que isso não interfere no desempenho de minhas atividades, mas não posso dizer que nunca sofri episódios de preconceito dentro de ambientes de trabalho. Esses episódios podem parecer pequenos, mas para mim foram impactantes e me fizeram perceber que muitas pessoas não me tratavam como igual. Talvez por esse motivo eu seja tão cética em relação ao discurso de que “somos todos iguais”. Porque no fim do dia, nas pequenas atitudes, eu percebia que não éramos.

Somos todos seres humanos, sem dúvida. Mas a partir do momento em que eu era alvo de comentários direcionados a um aspecto tão intrínseco a mim... Eu me sentia diferente. Por vezes sentia como se nem fosse parte da empresa. E essa não foi apenas a minha realidade, pois os números apontam alguns dados extremamente desconfortáveis sobre LGBTs no mercado de trabalho, como: 41% afirmam ter sofrido discriminação por causa da orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho e 61% dos funcionários optam por esconder a sexualidade de colegas e lideranças.

Quando eu percebi que era parte desses números, comecei a chamar colegas que faziam os tais comentários para conversar e explicar que aquilo não era legal e me machucava. Algumas dessas pessoas me olhavam espantadas e diziam “mas você está levando isso muito a sério” ou “no meu tempo as pessoas não eram tão politicamente corretas”. Outras simplesmente ficavam envergonhadas e realmente tentavam mudar de atitude.

E foram justamente as que mudaram a forma de agir que se tornaram aliados na minha luta. Então é extremamente importante que você escute o que a pessoa LGBT que trabalha contigo diz, pois mesmo que ela não consiga fazer todo mundo refletir a respeito, talvez você possa. É, isso mesmo, você que está lendo. E sabe o porquê? Para alguns indivíduos é muito mais fácil escutar o que seu igual diz, pois é um pouco característico do ser humano ter mais respeito e/ou consideração pelo que lhe é semelhante.

Sendo assim, por mais que a luta não seja sua como parte do grupo, você pode ter um papel importante nela, como forma de garantir que alguém do seu convívio se sinta melhor no trabalho. Afinal, passamos pelo menos 8 horas de nossos dias no escritório. Nada mais justo do que fazer um ambiente acolhedor para todo mundo.

Mas esse é só o primeiro passo para mudar o panorama. Existem outras pequenas atitudes que ajudam na formação de aliados, como repensar expressões e usos de linguagem que reproduzimos de maneira automática por estarem enraizadas em nossa cultura. É necessário perceber o quanto algumas dessas palavras são utilizadas de forma a estereotipar LGBTs de forma cômica ou pejorativa.

Não ficar supondo fatos sobre os nossos relacionamentos afetivos e questões de gênero, além de não fazer perguntas por vezes até incômodas sobre determinados assuntos também é de bom grado.

Pra finalizar: não tem problema se após ler tudo isso você começar a se questionar “ah, mas eu já tive esse tipo de pensamento também, já fui assim. E se acharem que é hipocrisia, o que eu falo agora?”. Faz parte do processo de mudança admitir que talvez suas atitudes passadas não fossem tão legais. O importante é perceber que há tempo de mudar e com isso trazer um impacto positivo na vida das pessoas ao seu redor. Como diria Gandhi: seja a mudança que você quer ver no mundo.

Beatriz é Analista de Administração de Pessoal na Daitan. Com 7 anos de experiência na área, está na empresa desde março de 2018, atuando diretamente com folha de pagamento, cálculo de impostos, férias, rescisões, eSocial, atendimento aos colaboradores, etc. Entusiasta dos esportes, foi assistir algumas partidas da última Copa do Mundo de Futebol Feminino e tirou foto com jogadoras da Seleção Brasileira. Nas horas vagas gosta de jogar RPG e praticar Muay Thai.